março 08, 2011

Heresias

A Heresia é um crime de pensamento. Ela que ocorre quando se rejeitam dogmas da religião ou ideologia em questão. Quando o limite imposto ao que é aceite como modelo ou verdade se baseia num arbitrário tradicional, qualquer reavaliação crítica vê-se perante uma resposta violenta. Não é possível dialogar com uma corporação religiosa ou ideológica que se proclama revelada. Sustenta-os a palavra que é dogma, seja de origem divina, profética ou fossilizada numa obra secular. E essa palavra, uma vez em acção, não se altera pacificamente porque não é no argumento racional que encontra forças. É surda e agressiva, conservadora do poder que obteve na sorte do processo histórico.

A história da Igreja Católica é milenar. Tendo em conta o número de dogmas impostos ao longo dos séculos, muitos deles derivados de questões políticas ou de lutas de poder (como no concílio de Niceia) mas que há muito perderam significado. Por isso, não é surpreendente o número de heresias erradicadas pelo ramo mais bem sucedido do cristianismo. Entre a extensa lista, encontrei dois exemplos de heresia que usavam a racionalidade como arma.

Monarquianismo: Assentavam na natureza única de deus que implicava a rejeição da trindade. Estas heresia nasceu nos séculos II e III. Os seus seguidores estudavam os textos sagrados através de silogismos e eram admiradores de sábios como Euclides, Aristóteles ou Galeno. Houve vários ramos desta heresia, como os Modalistas, e diz-se que sobreviveram de uma forma ou de outra até ao século IX. [1]

Socinianismo: Esta também é uma heresia sobre a natureza de deus. Dois irmãos de sobrenome Sozinni na Polónia em meados do séc. XVI. A opinião herege era igualmente a negação da trindade por negar a unidade de deus. Neste caso, deus é uma entidade única sendo o espírito santo o seu poder. Assim, ao promover a unicidade, cristo não poderia ser uma entidade humana e divina. E isso implica negar a divindade de Jesus bem como a sua pré-existência. A Bíblia era autoridade apenas quando interpretada através da razão [1, 2]. Esta crença teve um grande impacto na Europa de Leste, tendo durado cerca de um século antes de desaparecer.

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