janeiro 06, 2011

Initio

Quando se discute o relativo ou absoluto da ética, creio que usamos as pessoas como experiência e medida mas não o humano, que também somos, como base. Numa tábua rasa qualquer possibilidade ética coerente parece admissível. Mas a humanidade carrega um passado como espécie e os muitos compromissos das suas culturas. Está-nos inscrito um conjunto de restrições físicas e uma herança genética que limita a gama dos nossos comportamentos (de outra forma, não existiria a psicologia). Os seres humanos não são tábuas rasas. É esse diferente de zero que permite, por exemplo, a amamentação, o aprender da linguagem, o fundar da mente no que nos rodeia, criar um eu neste cérebro inchado de primata. E nessa gama do possível, um número ilimitado de personalidades, culturas, crenças e línguas. Porque não assumir algo similar para a ética? O diferente de zero é um ponto de partida para o que aceitamos e recusamos, para o que atrai e enoja. isto não significa ser o instinto um ideal - longe disso - mas uma força que é necessário reconhecer, algo que partilhamos como espécie e que não podemos esquecer nos argumentos filosóficos, legais ou científicos que tratam como podemos e devemos agir.

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