maio 28, 2010

Tratamento Preferencial

O Jesus dos Evangelhos mostra-nos um importante filósofo moral. O que somos de bom para os nossos filhos, irmãos e pais, a forma como amamos essas pessoas e que, muitas vezes, estendemos aos amigos e vizinhos, deve ser estendido à humanidade. Somos todos uma única família, todos irmãos e irmãs. Para além disso, porque do passado há erros, cicatrizes, sementes de rancor, devemos usar o perdão para limpar e manter essa irmandade o mais protegida possível. Uma família universal mantida e acarinhada com amor e perdão é uma forte e profunda mensagem moral. Mas os Evangelhos não são só isto. Para além de uma colectânea de episódios mágicos e de momentos simbólicos vários, muitos dos quais, senão todos, adaptados de crenças mais antigas, são também uma outra mensagem, contraditória com a mensagem moral referida e, creio, causa de muita dor: a ideia do Paraíso (uma promessa falsa e impossível de cumprir) ser apenas para os pobres de espírito, os despojados e os mansos, um monopólio da sua crença e da lei que propõe. Aqui há uma fenda, uma separação entre os que acreditam num arbitrário X e os que acreditam num outro Y, uma promessa e ameaça de perdição eterna. Não é assim que se tratam os membros de uma família.

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