abril 13, 2009

Consequências

Como subordinar à razão os desejos animais que nos mexem por dentro? Esse esforço é (diria Kant, suponho) o que nos faz ser agentes morais, gestores do próprio eu entre o saciar da sede - que apenas precede uma seguinte - e o custo nos outros de a vencer - este sim último porque quase sempre irreversível. Há, no entanto e pelo menos, outro caminho difícil e exigente: perder os desejos na cedência possível do passado biológico e passar a ser um instrumento da razão, temperado no mínimo de emoções inevitáveis (o medo, talvez e só) e filtrado nesse teatro de ecos que são as memórias. O Dr. Spleen, ao optar por este trilho, há muito que perdeu o contacto íntimo com a Humanidade em geral e com Kabila em particular, limitando-se a observar, neutro, como este improvisa, após o encravar da arma e do punhal esquecido em casa, para investir contra os três adolescentes, agora muito mais atentos, depois de insultarem abstractamente a sua vetusta mãezinha.

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