janeiro 29, 2009
janeiro 26, 2009
Jeitos
Gerimos as emoções pior do que gerimos a indiferença. Tão capazes na razão mas ainda mais previsíveis na irracionalidade. Mantemos civilizações de milhões por séculos mas tão trapalhões que somos no único das relações humanas. Eis, no seio do turbilhão, o H.Sapiens.
Por João Neto às 22:16 0 comentário(s)
janeiro 19, 2009
Fronteira
O que é nosso no domínio da mente? O que faz uma ideia, um argumento, uma crença ser minha ou tua? Que diferença há entre o original e o aprendido? Por exemplo, as palavras que uso, a gramática que as arruma, foram-me ensinadas e são a partilha que nos une. As frases que escrevo são minhas. Mas entre elas e a informação lá contida, onde se desenha a fronteira da originalidade? Excepto do trivial de um plágio, o que dizer de usar a estrutura de um mito ou de uma história universal? Se reescreve-se Romeu e Julieta ou o Quixote a partir de que arte ou de que diferenças passaria a ter mérito nessa obra revisitada? Na complexa rede de ideias e conceitos, como julgar onde se cruzam a recriação e o inexplorado?
Por João Neto às 12:21 2 comentário(s)
janeiro 16, 2009
Dinheiro
A noção de rendimento decrescente (em inglês, diminishing returns) é um conceito económico poderoso também na argumentação em outras áreas. Na economia é possível usá-lo para mostrar, por exemplo, que o petróleo deixará de ser extraído muito antes de desaparecer do planeta, pois apenas será usado aquele que se conseguir obter de forma rentável. Todas as reservas demasiado profundas ou em locais de muito díficil acesso serão deixadas em paz pois outras formas de energia passarão a ser economicamente mais interessantes. Da mesma forma, o conhecimento e a tecnologia nunca se irão aproximar do (eventual) limite teórico. Só se investigará e investirá numa área enquanto for economicamente racional fazê-lo. Os limites da Física das Partículas, as experiências para determinar a origem do Universo, mesmo futuras tecnologias, como o teletransporte, as viagens interestelares ou a simulação digital de pessoas só poderão ocorrer (assumindo que sejam teoricamente possíveis) se os recursos necessários às mesmas forem considerados apropriados pelas sociedades futuras. Se, por algum motivo, for demasiado oneroso implementar estas ideias, elas nunca serão ferramentas ao dispor da Humanidade, não por serem impossíveis mas, simplesmente, por serem demasiado caras.
Por João Neto às 09:34 0 comentário(s)
janeiro 12, 2009
Auctoritate
"Na sua essência, a autoridade não consiste em mandar: etimologicamente, a palavra vem de um verbo latino que significa «ajudar a crescer». A autoridade na família deveria servir para ajudar a crescer os membros mais jovens, configurando o que poderemos chamar o «princípio da realidade». Este princípio é a capacidade por parte de cada um de limitar as próprias inclinações tendo em vista as dos outros, e de adiar ou temperar a satisfação de alguns prazeres imediatos tendo em vista o cumprimento de objectivos a longo prazo. É natural que as crianças careçam de experiência vital imprescindível à compreensão da sensatez racional desta exigência, pelo que esta deve ser-lhes ensinada. As crianças - verdade óbvia, mas frequentemente esquecida - são educadas para virem a ser adultos, e não para continuarem a ser crianças." Fernando Savater, O valor de Educar
Por João Neto às 16:18 1 comentário(s)
janeiro 08, 2009
Analfabetismo
Antes da Torah, da Bíblia ou do Corão, os deuses não sabiam escrever. Os textos sobre o sagrado não eram sagrados, eram somente humanos e por isso sujeitos a contestação, discussão e correcção. Já a palavra revelada é perene. O problema é não o serem as pessoas e o mundo.
Por João Neto às 22:29 2 comentário(s)
janeiro 05, 2009
A Guerra dos Clones
Ser normal numa sociedade garante muitos privilégios mas exige interiorizar centenas de gestos e comportamentos apropriados. Vastos na sua diversidade (como vestir, comer, falar, como se relacionar, fazer sexo, como educar os filhos, o que ler, ouvir, o que é apropriado amar, odiar e ignorar...) exigem uma conformidade, por vezes, demasiado pesada. Há o perigo da personalidade que se forma ser aplanada por esta burocracia emocional e a normalidade, isto é, o processo de normalização, produzir apenas cópias aceitáveis de um conjunto limitado de personas ideais. Mas como evitar ser-se uma mera máquina cognitiva e não arriscar uma neurose, um isolamento excessivo, a loucura?
Por João Neto às 14:50 3 comentário(s)
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