setembro 20, 2007

Irreparação

Certas doenças mentais não podem ser sanadas pela abordagem psicanalista porque correspondem a desequilíbrios bioquímicos do cérebro (como a esquizofrenia ou a bipolaridade). Um tratamento psiquiátrico que utiliza um conjunto elaborado de químicos é a resposta actual para este tipo de doença. Esta é uma medida menos agressiva que as lobotomias da metade do século XX mas que, em última análise, parte de um pressuposto semelhante: a destruição da pessoa actual. Na lobotomia haveria a quase impossibilidade de reconstrução de uma outra personalidade humana, algo que os tratamentos actuais previnem. Talvez no futuro a Medicina olhe para os métodos actuais como nós olhamos para os feitos passados. Mas, àparte dos caminhos que se abrem ou das opções que se fecham, a consequência do destruir de uma pessoa mantém-se. Pode-se argumentar que a pessoa anterior era demasiado disfuncional, incapaz de interagir no espectro de comportamentos cunhados de normais pela cultura vigente. Mas essa pessoa, assim desaparecida, provavelmente discordaria do raciocínio.

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