setembro 27, 2007

Gradiente

O Mundo é de uma complexidade que nenhum modelo poderá capturar todos os detalhes. Compreendemos o suficiente para aproximar o que queremos ao que podemos e, por isso, tentamos o possível das nossas capacidades, não o possível das coisas. Mesmo os corpos que nos carregam são, na maioria, sinfonias de sinais impenetráveis às próprias mentes que lhes dão objectivo. O Dr. Spleen, ao longo dos anos que a sua experiência carrega, sabe quão de dança e combate é cada interacção com o Outro, cada acção levada a cabo, cada gesto começado. Ele antevê nesse bailado um oceano escondido de memórias, de genes e memes que travam e adoptam comportamentos, tendências, desejos. Um pulsar de impulsos, um refrear de instintos, uma guerra interminável entre o querer e o poder. E nesse intervalo entre o humano e o animal, nesse interstício que separa o potencial do actual, uma teia de vontades contrariadas, uma rede de causas frustradas e efeitos detidos. Cada olhar desviado, cada palavra por dizer são momentos perdidos e nesse saber um sempre fluir de suspeitas, que nunca terminam, que apenas mudam de atenção.

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