Alice e o mesmo lado do espelho
Onde não há opções, há decisões. Foi nisto que pensou Dª Alice ao percorrer o encurvado corredor de um lado ao outro duas vezes para confirmar a existência de apenas uma porta. A verdade é que não se lembrava de como ali chegara, imersa naquele branco imaculado próprio da narrativa de uma prosa. Tudo limpo e no entanto... No entanto, um cheiro infecto em todas as paredes, um fedor sem gradiente ao longo do chão de madeira antiga e envernizada. Dª Alice era reconhecida, pela vizinhança do bairro social onde vivia, como um expoente regional da lógica indutiva, uma defensora da generalização com bom-senso, um bastião do melhor e mais antigo da ciência Galilaica (daí se justifica aos leitores, mais atentos..., a exploração daquele contíguo espaço apesar da violência olfactiva atrás descrita). Por fim, e já com receio da situação em que algum ente a colocou, aproximou-se do fecho dessa única porta e girou a maçaneta lustrada no esplendor dos seus dourados. Estava fechada. Quando a decisão a que somos forçados não muda nada, eis o início de uma grande chatice.
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