Cultura e genética (parte I)
[adaptado do livro The Origins of Life de John Maynard Smith e Eörs Szathmáry]
É comum referir a herança cultural como a característica distintiva dos seres humanos, i.e., os indivíduos numa sociedade adquirem as suas crenças e comportamentos, o seu conhecimento e as suas aptidões, através da aprendizagem com as gerações anteriores. Existe, claro, muita verdade nesta ideia, particularmente quando se refere as diferenças individuais ou entre duas sociedades. Diferenças entre as opiniões de duas pessoas não são causadas por diferenças genéticas. A diferença entre Londres agora e Londres no ano 1098 ou entre Londres e Pequim actuais tem motivos culturais e não genéticos. Tendo dito isto, porém, há algumas reservas a fazer. Primeiro, existe alguma herança cultural entre animais, um facto relevante quando se discute a origem da sociedade humana. Segundo, a habilidade dos humanos para aprender, e de construir sociedades baseadas na transmissão cultural, é genética: as sociedade humanas são diferentes das sociedades dos chimpanzés porque humanos e chimpanzés diferem geneticamente. Terceiro, as pessoas aprendem certas coisas mais facilmente que outras: a mente humana não é uma tábua rasa onde a experiência pode definir e escrever sem restrições. [cont.]
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