setembro 26, 2006

One way ticket

O Doutor Spleen, com a convicção que se lhe reconhece, avança entre gavetas da biblioteca central. Um quadriculado de madeira e papel, o labirinto onde Kong Sénior e Dabila tentam seguir-lhe os passos rápidos, as guinadas imprevistas, os livros largados no chão como sinais de procura. E fazem-no em silêncio (e nesse espaço fechado em regras soltas de funcionalismo público um ódio cerrado no passado de Kong, um quase fim na repetição de dias onde, numa vida anterior, se deixara levar e que - talvez e falando agora aos nossos leitores - se volte a referir nestes nossos contactos ao mundo de outra forma fechado destas personagens). Em silêncio não por ser proibido ou moralmente discutível falar numa biblioteca, não por não terem nada a dizer mas porque reconhecem a Spleen o aprender que uma palavra solta num momento errado é um imprevísivel fechar de possíveis, uma viagem sem retorno ao compromisso do outro, um encerrar de mundo irreparável.

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