julho 24, 2006

Pause & Play

As vidas não se perdem, evaporam-se. O singular átomo da morte cabe num intervalo de dois olhares. O cano da .45 apontado atrás do occipital do Doutor Spleen, seis balas atrás do cano e o silêncio de um profissional por detrás de tudo. Depois, célere, directo à memória dos momentos passados porque algo, entre a disposição circular das balas e o cilindro de metal que as direcciona, encravou. Um instante e as prioridades são refeitas, um microsegundo para o mundo se recompor, o punho que segura a arma quebrado no peso da sua inércia, o drama refeito e virado do avesso. E é o fim, ou um fim, já que em seguida tudo o que parara recomeça. O lento evoluir das ruas, as pessoas de volta às suas órbitas, o luar da noite nesse reflexo de luz, a caneta no chão apanhada e no negro do jornal, o mesmo problema de palavras cruzadas.

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