Sistemas Formais
Gustav Mahler retira-se da aula de piano de Julius Epstein directamente para a avenida (e é toda uma Viena, nesse luxuoso esplendor de capital de império, que o acolhe) nesse frio de tarde onde o sol se fecha atrás das ruas, a pensar como a escala musical, um sistema tão simples, discreto e formal, lhe abre as portas à criação de mundos à sua medida e da dimensão do seu génio (que aos poucos, com a educação que recebe, depreende que tem). Exactamente 140 anos depois, no centro de outra capital europeia, sobre um frio exactamente igual (e apesar da noção de calor ser uma definição termodinâmica que, à partida, não determina uma causalidade com a dinâmica complexa dos pensamentos humanos, não deixa de ser um factor comum que esta narrativa decidiu tomar em conta, para permitir ao leitor um caminho possível, mesmo que improvável, de explicação), o Doutor Spleen considera o mesmo sobre o método igualmente simples, discreto e formal da culinária.
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