maio 15, 2006

Relatividade

Kong júnior trava o carro, desliga o motor de 215 cavalos e o mundo lá fora pára de andar para trás. Cada uma das quatro portas a rodar e todos no pátio anteriormente vazio. Kong sénior abre a mala do carro e retira, elevando-o como um garrafão de água (ou dois, talvez), um homem que já não é mais que um débito irreparável. O Doutor Spleen retira o alicate polonês do bolso e, através dos gritos mudos pelo pano molhado na boca, inicia um processo de remodelação física da dívida encarnada. São duas da manhã mas o tempo passa com diferentes nuances psicológicas a cada um dos cinco personagens: os irmãos Kong inquietam-se com o nível de óleo do BMW, passado já mais de dez mil quilómetros da suposta revisão e Dabila sente-se, enquanto na revista interpreta a carta de Tarot do seu signo, um pouco enjoado pela feijoada do jantar.

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