Estabilidade
Imaginemos uma sociedade onde existam só pessoas que não saibam mentir. Esta sociedade não é estável no sentido comportamental. Se fosse 'infectada' por um mentiroso, este teria tantas vantagens que tenderia a disseminar o seu comportamento ao resto da sociedade. Até que ponto se extenderia essa infecção? Depende dos valores exactos: (a) de quanto se ganha pela cooperação entre dois indivíduos honestos, (b) do proveito que um mentiroso ganha explorando um honesto, (c) e do custo associado à falta de cooperação quando dois mentirosos interagem. Este género de questão é estudado pela Teoria dos Jogos, nomeadamente pelo conhecido Dilema do Prisioneiro Iterado. Uma população mista de honestos e mentirosos pode convergir para uma percentagem que garanta que invasões futuras de indivíduos com estratégias distintas e exploratórias não sejam lucrativas (designada por estratégia evolutiva estável).
Admitir que uma sociedade totalmente honesta é instável pode ser, para alguns, uma má notícia. Porém, não devemos esquecer a implicação simétrica deste facto: uma população de mentirosos também é instável. Ela pode ser também invadida, não por um só honesto (que seria rapidamente explorado), mas por um grupo de indivíduos honestos que, por cooperação mútua, são capazes de prosperar num ambiente de traição constante. Este raciocínio leva-nos (com alguma liberdade matemática) a outro evento relacionado: um regime totalitário, pela exigência artificial de uniformidade, é igualmente instável. Existe sempre a tendência, em qualquer grupo e de forma mais ou menos velada, de manter abertas outras opções que as dominantes. Uma cultura intolerante, da mesma forma que uma profundamente tolerante, é muito permeável à dissuasão. A pressão social de um Estado totalitário sobre os seus elementos, com o objectivo de manter coesa a ideologia dominante, é, ao mesmo tempo, causa e consequência desse desejo de homogeneidade. E quanto mais energia for gasta para manter uma população isenta de diferenças, mais fácil se tornará a conversão dos seus elementos a outras possibilidades. A notícia que esse esforço seja, mesmo que a longo prazo, inútil é uma verdadeira boa notícia.
Admitir que uma sociedade totalmente honesta é instável pode ser, para alguns, uma má notícia. Porém, não devemos esquecer a implicação simétrica deste facto: uma população de mentirosos também é instável. Ela pode ser também invadida, não por um só honesto (que seria rapidamente explorado), mas por um grupo de indivíduos honestos que, por cooperação mútua, são capazes de prosperar num ambiente de traição constante. Este raciocínio leva-nos (com alguma liberdade matemática) a outro evento relacionado: um regime totalitário, pela exigência artificial de uniformidade, é igualmente instável. Existe sempre a tendência, em qualquer grupo e de forma mais ou menos velada, de manter abertas outras opções que as dominantes. Uma cultura intolerante, da mesma forma que uma profundamente tolerante, é muito permeável à dissuasão. A pressão social de um Estado totalitário sobre os seus elementos, com o objectivo de manter coesa a ideologia dominante, é, ao mesmo tempo, causa e consequência desse desejo de homogeneidade. E quanto mais energia for gasta para manter uma população isenta de diferenças, mais fácil se tornará a conversão dos seus elementos a outras possibilidades. A notícia que esse esforço seja, mesmo que a longo prazo, inútil é uma verdadeira boa notícia.
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