Memórias, Padrões...
A Estatística é um compactar semântico unidireccional. Kong sénior, mesmo após o ruir de memória que se forma na passagem de quase dez anos, ainda se lembra desta frase do Doutor Spleen. São já, hoje, duas horas na leitura e recorte de anúncios de jornal e a sua mente à volta nessas palavras. Para o Doutor Spleen, a Estatística é o ramo mais estranho do conhecer humano. Qual a utilidade de um padrão? Ou de outra forma: é necessário ao Universo essa ordem que pressupomos? Como suster uma teoria (e com o sucesso irrefreável que lhe reconhece) nessa difusa rede de contingências, de quebras causais que a realidade fabrica e, mesmo assim, recolher certezas matemáticas nesse fervilhar de probabilidades? A Kong sénior estas impressões filosóficas e a obsessão que lhes deu origem não são em particular pertinentes apesar do ritual diário que ele, o seu irmão e Dabila são forçados a manter. Lembra-se, no início, do Doutor Spleen referir qualquer coisa sobre infecções, sobre o reflexo que delas se vislumbra no singular dos factos isolados. Mas dez anos são um trabalho de demolição eficiente. O construir do presente não se coaduna assim tanto com a conservação do passado.
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