julho 18, 2005

Livre Arbítrio (2/2)

É comum pensar que o ambiente é mais ‘amigável’ por ser mais facilmente manipulado. Depende. Em termos profiláticos, adaptar o ambiente para melhorar certas condições pode ser mais fácil que a terapia génica (i.e., corrigir deficiências no ADN) mas as próximas décadas de avanço tecnológico terão a palavra. Porém não se pode modificar o ambiente do que se passou (não podemos ter pais novos ou mudar o país onde nascemos) da mesma forma que não se pode, hoje, alterar a nossa herança genética.

As influências do ambiente e da herança genética têm a sua quota de influência (que varia ao sabor dos avanços e recuos civilizacionais). Mas não há mais nada? Mesmo num contexto onde o ambiente é controlado e a componente cultural não existe (e.g., experiências com bactérias ou insectos), a genética não determina totalmente as características dos indivíduos. Dois clones do mesmo organismo têm corpos distintos. Uma razão (haverá outras) é a componente não-linear do processo embrionário, ou seja, a existência de fenómenos caóticos que, para todos os efeitos, têm carácter aleatório (mesmo sendo o sistema totalmente determinista). Há sempre espaço para a “sorte” na discussão entre o ambiente e a genética. Esta facto tem uma implicação importante: determinismo não implica inevitabilidade. Mas nesta luta de decidir o futuro entre ambiente, genética e acaso, haverá espaço para mais alguma coisa? Qual a margem de manobra reservada a nós próprios? Refs [Gould 78, Dennet 04]

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