Utopias
ps: O livro Baudolino do Umberto Eco é uma óptima viagem por estas geografias imaginadas.
Morrerás em breve. É incontestável. E quanta verdade morrerá contigo sem saberes que a sabias. Só por não teres tido a sorte de num simples encontro ou encontrão ta fazerem vir ao de cima - Vergílio Ferreira
Por João Neto às 10:50
Por João Neto às 09:51
Por João Neto às 08:38 0 comentário(s)
Por João Neto às 13:23 0 comentário(s)
As minhas manhãs são normalmente difíceis. Sento-me face ao pão, que barro com lentidão,
vejo, por entre as pálpebras ainda pesadas, as imagens que saem daquela caixa mágica (que muita magia perdeu, mas que continua a ser mágica para os que, como eu, não sabem como ela funciona, nem estão muito interessados em sabê-lo).
Chegam-me, à mãos cheias, os medos do mundo. A droga mata. O tabaco mata. Dormir pouco mata. Dormir muito também mata. Um casal é esfaqueado. As casas do interior cedem face aos assaltantes, que deixam idosos lívidos no chão. Crianças desaparecidas. A morte nos países desenvolvidos é assim: um fantasma permanente, que não tem par senão no medo de envelhecer.
A morte no Terceiro Mundo é diferente. Conta-se aos milhares. Aumenta em segundos. Mas deixou de nos chocar.
Pois não dizia Mao Tze Tung que a morte de milhares é uma estatística? E que a morte de um indivíduo é uma tragédia? Quiçá deixámos de ver cada habitante dos países pobres como um indivíduo.
Levanto-me da mesa e levanto a mesa. Sigo para o dia que (não) me espera.
Por Anónimo às 11:40 0 comentário(s)
São como um cristal,
as palavras.
Algumas um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam;
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
Por João Neto às 09:38 0 comentário(s)
Por João Neto às 11:20 0 comentário(s)
Por João Neto às 14:36
Silêncio:
as cigarras escutam
o canto das rochas.
- Matsuo Banshô (1644-1694)
Por João Neto às 10:33 0 comentário(s)
- Mas como sobreviverão esses sábios?
- O povo alimentá-los-á dia após dia.
- O povo não pode vir um dia cansar-se de os alimentar?
- Quando, em toda a superficie da Terra, já não houver um único ser disposto a alimentar um sábio, é que o mundo já não merece os sábios e é tempo de eles se irem embora.
- Deixar-se-ão morrer?
- Quando o mundo tiver abandonado os sábios, os sábios desertá-lo-ão. Então o mundo ficará sozinho, e sofrerá com a sua solidão
Por João Neto às 13:34 0 comentário(s)
Serão os anjos voyeurs?
Ou sofrerão com o nosso sofrimento?
Talvez precisem dos nossos tormentos
para se sentirem (quase) vivos?
Porventura preferem correr atrás de nós
quando nos sentem embriagados
de felicidade.
Por Anónimo às 19:58 0 comentário(s)