setembro 30, 2003
Neste post informa-se que a empresa Technorati detectou 1 milhão de blogs (!). Segundo as suas estatísticas (que não são exaustivas) 7000 blogs são criados diariamente, uma média de 1 blog a cada 12 segundos!!! Fazemos parte de um Big Bang conceptual de consequências dificilmente previsíveis.
setembro 29, 2003
Efeito Borboleta
Nas arrumações o telecomando caiu, escondido, para debaixo da cama. À noite não o descobriu e começou a ler O Nome da Rosa. Agora já vai no Jacques le Goff.
Por João Neto às 11:08
setembro 26, 2003
"O Inferno são os outros" - mexilhão anónimo
Descobri nesta notícia "Is Google copying Microsoft tactics with Blogger?" que presumivelmente a referida empresa (que comprou o servidor de blogs onde me encontro a escrever) está a fazer dumping oferecendo os serviços mais avançados de graça. Não será esta a mesma estratégia da Microsoft? Disponibilizar serviços tão baratos que a concorrência (com menor dimensão e menos margem de manobra) nao consegue manter-se no activo acabando por falir... Gostava de ver um monópolio que favoreça o mexilhão.
Por João Neto às 13:20
setembro 25, 2003
Weblogs II
Entre os blogs, onde deve residir a Ética? Segundo A Blogger Code of UnProfessional Ethics
My readers:...know me. They will judge me according to context.In return:
...are smart. They will not be misled by some stray comment I may happen to make.
...are kind. They make allowances and forgive me ahead of time.I will speak my mind about what I care about.
I will not revise too much or too carefully: Blogging about opera is still jazz.
I will not anticipate and reply to every objection: Punctilliousness in pursuit of the appearance of propriety kills voice. If I apologize, it will be because I have actually betrayed my readers' trust, not because I may have, might have, or could be misread as having done so.
I pledge to keep the reading of my weblog purely optional.
Pede-se que os leitores sejam inteligentes, conheçam o(s) autor(es) e que «olhem» para os conteúdos «amigavelmente». Talvez seja pedir demais, um processo de amenização subsequente desresponsabilização. O conteúdo de um blog, em termos temporais, reside entre um jornal e um livro. Já o conteúdo, em termos informativos, deve (digo eu) reger-se pelas mesmas linhas de valores que a Ética da comunicação sublinha.
Há, pelo menos, uma diferença em relação aos jornais e aos livros que gostava de salientar. Um blog pode ser alterado em tempo real (um livro também, entre edições, mas as primeiras por cá ficam). Será que é lícito remover uma mensagem passada, ou alterar a sua mensagem de fundo? Será admissível a rescrita de um blog? Serão micro-revisionismos, que modifiquem o sentido da mensagem, aceitáveis? Estarão estes mecanismos fora do âmbito de uma auto-censura? A minha resposta (que vale o que vale) a estas perguntas é não.
ps: falei de auto-censura. Quanto mais bom senso houver, menos se falará desse perigoso instrumento castrador que é a censura (e que detesto).
pps: curiosamente, durante a escrita deste pequeno texto encontrei uma notícia específica sobre a questão de alterar conteúdos de blogs.
Há, pelo menos, uma diferença em relação aos jornais e aos livros que gostava de salientar. Um blog pode ser alterado em tempo real (um livro também, entre edições, mas as primeiras por cá ficam). Será que é lícito remover uma mensagem passada, ou alterar a sua mensagem de fundo? Será admissível a rescrita de um blog? Serão micro-revisionismos, que modifiquem o sentido da mensagem, aceitáveis? Estarão estes mecanismos fora do âmbito de uma auto-censura? A minha resposta (que vale o que vale) a estas perguntas é não.
ps: falei de auto-censura. Quanto mais bom senso houver, menos se falará desse perigoso instrumento castrador que é a censura (e que detesto).
pps: curiosamente, durante a escrita deste pequeno texto encontrei uma notícia específica sobre a questão de alterar conteúdos de blogs.
Por João Neto às 13:20
setembro 24, 2003
Desparalelismos
"Hoje é a violência da TV. Antes era a das estórias de fadas!"
"Mas essas, explicavam-nas os pais, os avós. A TV não explica nada."
Por João Neto às 11:44
setembro 22, 2003
Weblogs I
Segundo este ensaio, de Rebecca Blood, os weblogs existem, pelo menos, desde 1997, apesar que na altura eram tão poucos que seria possível a um indivíduo segui-los todos. A partir de 1999, com a formação de websites dedicados à gestão de blogs, aconteceu uma explosão de blogs do mais variados tipos, e passou a ser difícil criar uma lista de ocorrências (hoje em dia, criar uma lista de todos os blogs é, na prática, impossível).
Um blog é um filtro da internet, é um dado ponto de vista do seu criador (não digo “o” ponto de vista, porque o ciberespaço estimula o esquizofrénico que há em nós :-). Pioneiros na arte do micro-conteúdo, os autores dos blogs procuram sumários (como este), resumos de ideias, factos, linhas de raciocínio que possam ser digeridos em poucos minutos através da maleabilidade do hipertexto. Talvez um reflexo da constante aceleração do progresso, do brilho atraente do instante a reflectir o perene, e das formas inteligentes de envernizar o profundo com o superficial. Infelizmente, isto não engloba todos os blogs (provavelmente nem a maioria) mais preocupados com outros tipos de exercícios como o egocentrismo ou a desinformação.
Uma citação de Greg Ruggerio (ver Immediast Underground): "Media is a corporate possession...You cannot participate in the media. Bringing that into the foreground is the first step. The second step is to define the difference between public and audience. An audience is passive; a public is participatory. We need a definition of media that is public in its orientation." [cont.]
Um blog é um filtro da internet, é um dado ponto de vista do seu criador (não digo “o” ponto de vista, porque o ciberespaço estimula o esquizofrénico que há em nós :-). Pioneiros na arte do micro-conteúdo, os autores dos blogs procuram sumários (como este), resumos de ideias, factos, linhas de raciocínio que possam ser digeridos em poucos minutos através da maleabilidade do hipertexto. Talvez um reflexo da constante aceleração do progresso, do brilho atraente do instante a reflectir o perene, e das formas inteligentes de envernizar o profundo com o superficial. Infelizmente, isto não engloba todos os blogs (provavelmente nem a maioria) mais preocupados com outros tipos de exercícios como o egocentrismo ou a desinformação.
Uma citação de Greg Ruggerio (ver Immediast Underground): "Media is a corporate possession...You cannot participate in the media. Bringing that into the foreground is the first step. The second step is to define the difference between public and audience. An audience is passive; a public is participatory. We need a definition of media that is public in its orientation." [cont.]
Por João Neto às 12:04
setembro 19, 2003
Raciocínios
A indução é um método de raciocínio onde se infere uma generalização a partir de um conjunto de casos particulares. Um exemplo: "Todos os corvos que alguma vez vi eram pretos logo, por indução, todos os corvos (que existem) são pretos". Este mecanismo de generalização é extremamente poderoso, e como tal, pode ser usado com consequências surpreendentes (o melhor exemplo é a própria Ciência com essa a capacidade de generalização que impulsiona o progresso) mas também com efeitos dramáticos (como as induções falaciosas que suportam racismos e xenofobias). Queria referir aqui dois problemas da indução, mesmo quando esta é "bem usada":
* Os corvos de Hempel: Suponhamos que queremos investigar a hipótese “Todos os corvos são pretos”. A respectiva investigação consiste em examinar o maior número possível de corvos. Cada corvo preto encontrado, fará a hipótese mais provável. Ora, logicamente "A implica B" é igual a "não B implica não A". Assim, a hipótese de trabalho é logicamente equivalente a: “Todos os objectos não pretos, não são corvos”. Assim, para cada objecto não preto encontrado, seja uma vaca branca, estamos a confirmar a hipótese!! Isto é um problema de intuição mal-orientada. Não há nada que negue que um objecto não corvo prejudique a hipótese posta, mas também não é decisivo que a confirme ou não. Uma vaca branca também poderia confirmar a hipótese "todos os corvos são amarelos" claramente falsa ao 1º corvo encontrado.
* O Homem de 3 metros: Depois de observar um bilião de pessoas, o estudioso estipula por indução a seguinte lei: "Todos os Homens têm menos de 3 metros". O que ocorreria se encontrássemos uma pessoa de 2.99 metros? Esta observação confirma a lei induzida (de facto, tem menos de 3 metros) mas por outro lado fragiliza a conclusão (se este tem menos de 3 metros por um centimetro, não será lícito haver alguém ligeiramente mais alto?)
Os problemas da indução já fizeram correr rios de tinta, principalmente por filósofos (como a galinha de Russel, que diariamente, de madrugada, observava um homem a trazer-lhe comida concluindo por isso que em todos os dias no futuro assim seria. Até que um dia o mesmo homem apareceu para lhe cortar o pescoço... Que garantias temos que o processo que estudamos terá um comportamento no futuro igual ao que teve no passado?)
* Os corvos de Hempel: Suponhamos que queremos investigar a hipótese “Todos os corvos são pretos”. A respectiva investigação consiste em examinar o maior número possível de corvos. Cada corvo preto encontrado, fará a hipótese mais provável. Ora, logicamente "A implica B" é igual a "não B implica não A". Assim, a hipótese de trabalho é logicamente equivalente a: “Todos os objectos não pretos, não são corvos”. Assim, para cada objecto não preto encontrado, seja uma vaca branca, estamos a confirmar a hipótese!! Isto é um problema de intuição mal-orientada. Não há nada que negue que um objecto não corvo prejudique a hipótese posta, mas também não é decisivo que a confirme ou não. Uma vaca branca também poderia confirmar a hipótese "todos os corvos são amarelos" claramente falsa ao 1º corvo encontrado.
* O Homem de 3 metros: Depois de observar um bilião de pessoas, o estudioso estipula por indução a seguinte lei: "Todos os Homens têm menos de 3 metros". O que ocorreria se encontrássemos uma pessoa de 2.99 metros? Esta observação confirma a lei induzida (de facto, tem menos de 3 metros) mas por outro lado fragiliza a conclusão (se este tem menos de 3 metros por um centimetro, não será lícito haver alguém ligeiramente mais alto?)
Os problemas da indução já fizeram correr rios de tinta, principalmente por filósofos (como a galinha de Russel, que diariamente, de madrugada, observava um homem a trazer-lhe comida concluindo por isso que em todos os dias no futuro assim seria. Até que um dia o mesmo homem apareceu para lhe cortar o pescoço... Que garantias temos que o processo que estudamos terá um comportamento no futuro igual ao que teve no passado?)
Por João Neto às 10:26
setembro 17, 2003
Diversidades
"Speech is a river of breath, bent into hisses and hums by the soft flesh of the mouth and throat" - Stephen Pinker, The Language Instinct
Uma das características que marca a nossa época é a enorme explosão de conceitos e ideias que mudaram o mundo. Por outro lado, esta explosão tem provocado as suas vítimas. No ecossistema global são milhares as espécies extintas ou em vias disso. Acho que, infelizmente, precisamos da extinção de uma espécie mediática, como as baleias azuis ou o elefante africano (o dodo já não convence ninguém). Também na cultura existem vítimas que quase ninguém fala. A parte da globalização movida pelos mass media ameaça uma enorme quantidade de línguas e dialectos. Há quem estime que, neste século XXI, desapareçam metade das milhares de línguas humanas. Nem tudo o que se extingue é físico, e este tipo de perdas pode não ser menor para o Homem. Com uma língua vai uma forma de ver e pensar o Mundo, uma forma de encontrar respostas. Para se ter uma ideia desta imensidão e riqueza que a Humanidade produziu nestes milénios, passem por este site que mostra como se conta de 1 a 10 em cinco mil línguas diferentes. Cerca de 2500 destes conjuntos de sons deixarão de ser ouvidos em 2100.
Por João Neto às 10:39
setembro 16, 2003
Perspectivas II
Como curiosidade Mercúrio era conhecido, no antigo Egipto, como Thoth um deus associado ao conhecimento, inventor da fala, da escrita e da aritmética.
Por João Neto às 11:17
Perspectivas
É nele que se revê esta imagem.
Por João Neto às 03:15
setembro 15, 2003
E quem fez os nossos quase invisíveis?
Durante um episódio do Neon Genesis Evangelion deparei com uma interessante metáfora, "O Dilema do Porco Espinho", que se resume ao seguinte: No Inverno, os porcos espinhos procuram o calor uns dos outros, mas quando se aproximam acabam sempre por se magoar.
Por João Neto às 09:42
setembro 12, 2003
setembro 11, 2003
setembro 09, 2003
Extremos Não Moderados
Quando olhamos em volta, tanto nacional como internacionalmente, observamos que muitas das ideologias que guiaram o Mundo estão a esbater-se. Algumas desapareceram (ou estão em risco de) e outras tendem para uma de duas direcções que podemos chamar simplesmente de extremista e moderada. Ao que tudo indica, os extremistas ganham terreno. As grandes guerras perdem-se na História, a guerra fria não aqueceu, mas um grande conjunto de individuos parece singrar num mar de incompreensão e intolerância. Não só o fundamentalismo Árabe, como também a administração Americana, os Palestinianos e Judeus, o racismo, a ignorância... Curiosamente, para um extremista, o mundo é muito simples: tem duas cores, há bons, e corajosos, maus e covardes, as dúvidas são poucas pois deus e a moral estão do seu lado, as causas e as consequências bem delineadas e definitivamente explicadas (pelo respectivo guia espiritual/secular) e no entanto... encontram sempre outros extremistas que lhes fazem frente! É nesta construção simplificada da realidade, nesse espelho que não reflecte o mundo, que eles se olham e nos levam para um abismo que ainda não conseguimos observar. Os moderados não são sem defeitos, pois tendem a cultivar a indiferença, a dar demasiado para evitar conflitos, a tentar compreender para lá do tempo de decidir. Não é a primeira vez que estas coisas acontecem nem, tenho impressão, será a última...
Por João Neto às 15:15
setembro 05, 2003
Um plano diabólico...
Arrisco aqui uma ideia a dar à TVI. Segue o plano nas suas várias fases:
Fase 1: Unir progressivamente todas as telenovelas que produz (e produziu) num único enredo. Isto pode fazer-se cruzando as personagens de umas telenovelas noutras, até que o espectador - personagem crédulo - não consiga distinguir quem pertence a quem. Resultado: tem de ver todas as novelas (e anúncios) para seguir a vida das personagens que prefere.
Fase 2: Usar as personagens em outros produtos, como o Big Brother. Por exemplo, fazer um Big Brother Vip com as personagens de maior share que se detestam. E claro, utilizar essas imagens na própria telenovela. Assim, todos podíamos ver o que ocorria tanto fora como dentro do enredo. Seria o primeiro passo para misturar a "realidade" com a ficção telenovelistica.
Fase 3: Começar a publicitar nos telejornais as notícias das suas telenovelas e produtos relacionados... Esperem! Eles já fazem esta.
Fase 4: Algumas das personagens (da telenovela) arranjam empregos na TVI e começam a trabalhar como pivots e repórteres. Reparem na vantagem: dois empregos (e tempo de antena) pelo preço de um salário. A partir desta altura, o espectador médio da televisão já não sabe se o actor está a representar ou não (possivelmente, nem o actor).
Fase 5: Dar ao personagem com o maior share, a presidência executiva da TVI, e colocar os actores, quero dizer, as personagens a fazer outras telenovelas. O espectador, a partir deste momento, pode ver telenovelas, telenovelas de telenovelas, e quando estiver preparado (nada como arranjar um realityshow para o efeito), telenovelas de telenovelas de telenovelas. Para além disso, ainda vê filmagens das telenovelas dentro de outras telenovelas. É lindo!
Fase 6: Com o poder financeiro obtido a partir dos anúncios que um share de milhões de espectadores ligados à TV 24 horas por dia (o Estado depois paga as contas dos hospitais e dos psicólogos) e da poupança que a redução de pessoal implica, a TVI (a sigla neste momento já significa "Telenovela Independente") pode começar a comprar bancos, clubes de futebol, talvez mesmo um exército que sejam capaz de criar as próprias notícias para a TVI e os seus pivots (talvez de alguma das telenovelas, já me perdi) poderem ter trabalho, e filmarem notícias decentes, não aquelas que o mundo nos impinge.
A partir daqui resta-nos sentar no sofá e ficar à espera que o Universo expluda...
Fase 1: Unir progressivamente todas as telenovelas que produz (e produziu) num único enredo. Isto pode fazer-se cruzando as personagens de umas telenovelas noutras, até que o espectador - personagem crédulo - não consiga distinguir quem pertence a quem. Resultado: tem de ver todas as novelas (e anúncios) para seguir a vida das personagens que prefere.
Fase 2: Usar as personagens em outros produtos, como o Big Brother. Por exemplo, fazer um Big Brother Vip com as personagens de maior share que se detestam. E claro, utilizar essas imagens na própria telenovela. Assim, todos podíamos ver o que ocorria tanto fora como dentro do enredo. Seria o primeiro passo para misturar a "realidade" com a ficção telenovelistica.
Fase 3: Começar a publicitar nos telejornais as notícias das suas telenovelas e produtos relacionados... Esperem! Eles já fazem esta.
Fase 4: Algumas das personagens (da telenovela) arranjam empregos na TVI e começam a trabalhar como pivots e repórteres. Reparem na vantagem: dois empregos (e tempo de antena) pelo preço de um salário. A partir desta altura, o espectador médio da televisão já não sabe se o actor está a representar ou não (possivelmente, nem o actor).
Fase 5: Dar ao personagem com o maior share, a presidência executiva da TVI, e colocar os actores, quero dizer, as personagens a fazer outras telenovelas. O espectador, a partir deste momento, pode ver telenovelas, telenovelas de telenovelas, e quando estiver preparado (nada como arranjar um realityshow para o efeito), telenovelas de telenovelas de telenovelas. Para além disso, ainda vê filmagens das telenovelas dentro de outras telenovelas. É lindo!
Fase 6: Com o poder financeiro obtido a partir dos anúncios que um share de milhões de espectadores ligados à TV 24 horas por dia (o Estado depois paga as contas dos hospitais e dos psicólogos) e da poupança que a redução de pessoal implica, a TVI (a sigla neste momento já significa "Telenovela Independente") pode começar a comprar bancos, clubes de futebol, talvez mesmo um exército que sejam capaz de criar as próprias notícias para a TVI e os seus pivots (talvez de alguma das telenovelas, já me perdi) poderem ter trabalho, e filmarem notícias decentes, não aquelas que o mundo nos impinge.
A partir daqui resta-nos sentar no sofá e ficar à espera que o Universo expluda...
Por João Neto às 09:55
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