julho 06, 2012

O mito da Quimera

A quimera na mitologia Grega era um monstro fêmea, uma mistura de leão, cabra e cobra com um terrível bafo de fogo. Foi morta pelo herói Belerofonte com a ajuda de Pégaso, o cavalo alado.
Nas lendas existem vários animais quiméricos, misturas de dois ou mais animais, como a Esfinge, o Minotauro, os Centauros, as Hárpias... Estas são instâncias mais velhas do mito do herói e do dragão e, elas próprias, ecos de mitos ainda mais antigos. Por exemplo, numa imagem de um tempo Babilónico observamos a luta de uma leão alado com um herói igualmente capaz de voar [1].

Mas qual o significado do mito, para além do óbvio tropo "herói corajoso mata monstro assustador" transformado em cliché por tantos livros, filmes e séries de TV? Ugo Bardi [2] sugere que o mito espelha a perene luta entre a humanidade e a natureza, entre o desejo de uma ordem para a sociedade e o medo do caos incontrolável e desconhecido do mundo selvagem. A relevância deste mito e desta luta, nos dias que correm, é a vitória esmagadora que os Homens estão a infligir ao nomeado «monstro». Só que, ironicamente, precisamos do monstro para sobreviver.  Sem uma ecosfera funcional, a Humanidade arrisca-se a desaparecer. Também Belerofone, o assassino da Quimera, morreu cego, aleijado, miserável.

[1] http://www.unifi.it/surfchem/solid/bardi/chimera/origins.html
[2] http://cassandralegacy.blogspot.pt/2012/06/making-peace-with-our-chimeras.html

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