Moral Push vs. Moral Pull
Robert Nozick, na sua obra Philosophical Explanations, distingue e discute dois aspectos da ética que denomina moral push e moral pull. Uma tradução possível para estes termos: acção moral e necessidade moral.
Moral Push foca-se sobre as acções realizadas pelo agente moral e tem como objectivo mostrar que as acções morais são melhores, para o agente, que as acções imorais. Esta área da ética tem a sua origem histórica em Platão e Aristóteles. A acção está separada da necessidade moral e não pode ser fundada nesta. No entanto, Nozick defende que existe um custo nas acções imorais. Uma vida imoral é menos valiosa que uma vida moral. Uma pessoa imoral é menos valiosa que uma pessoa moral. Esta é uma posição análoga à noção indiana do Karma, despida de aspectos metafísicos.
Este valor é uma propriedade resultante da consciência, do ser pessoa (Nozick tenta intuir uma métrica através de cálculos complexos e não muito interessantes). As pessoas têm um valor intrínseco mínimo (de certa forma, descriminado nos direitos fundamentais e defendido pela necessidade moral de os respeitar) mas que pode variar consoante o respectivo comportamento ético.
Moral Pull foca-se sobre as necessidades morais exigidas às pessoas. O seu objectivo é encontrar a «base moral» que fundamenta e justifica estas restrições. A sua origem histórica deriva da cultura Judáica, nomeadamente do olhar para o homem como especial aos olhos da divindade. Para Nozick essa base moral é «o eu activo», i.e., o agente consciente que deseja e procura valores (a self seeking value), em resumo, uma pessoa. Uma restrição à acção será evitar danificar qualquer pessoa nas suas características essenciais (ou procurar a preservação máxima de uma sociedade de pessoas, se quisermos ver esta questão de um ponto de vista utilitário). Nas palavras de Nozick: «Treat someone (who is a value-seeking I) as a value-seeking I». Esta perspectiva é similar à proposta por Kant, de considerar cada pessoa como um fim, e não apenas como um meio.
Segundo Nozick existe harmonia moral quando as acções morais são, pelo menos, tão grandes como as necessidades morais. Caso contrário ocorre um vazio moral [cf. pg. 409].
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