março 18, 2011

Inércia

Se existe um mecanismo inato para a aprendizagem de uma moral particular (a da cultura onde se nasce), isto significa que, à imagem da linguagem, as possíveis morais humanas - para além de limitadas pelas capacidades cognitivas da espécie - também partilham uma estrutura básica comum, sendo os detalhes, os diversos parâmetros dessa gramática moral, preenchidos pela respectiva sociedade onde o individuo se insere e se faz adulto. Mas isto terá uma outra implicação: se a aprendizagem da primeira moral é natural e automática (como o aprender da língua nativa), aprender uma segunda moral é uma tarefa onerosa, difícil e quase nunca totalmente concretizada. Se for assim, este é um mecanismo de inércia à mudança, uma resistência passiva própria das culturas. Para quem nasce numa comunidade que desenvolveu, ao longo da sua história, uma moral mais dogmática, preconceituosa, provinciana, a oportunidade da uma saída representa um choque, a possibilidade uma nova tragédia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não se pode dizer que a língua é inata, mas não se pode prescindir dela, como se poderia prescindir da roda.