Gustavo Matamouros vê-se perante um caso inédito, não só na sua carreira de polícia de homicídios mas também nos anais da história criminosa bem como nos argumentos de séries e livros policiais. Um mafioso albanês, seja A, devido à guerra com o cartel brasileiro, montou uma armadilha a um dos seus chefes, seja B. Este B, individuo recalcitrante, por sua vez, preparou um plano para matar o responsável pela contabilidade da máfia chinesa, seja C (o leitor atento poderá suspeitar que estou a escolher os países pela sua letra inicial matematicamente apetecível e não seria eu a desmentir tal inteligente crença). Ora A era amante da mulher de C o que, após a descoberta levou igualmente a que este, tendo alguma facilidade no acesso a armas de fogo, fosse à casa de A para ajustar contas. Logo a seguir a A ter montado a bomba incendiária ao retardador no carro de B, A foi para casa a pé (eles não moravam longe uns dos outros). O que acontece é que, nesse mesmo dia, B decidira-se reformular o cérebro de C e segui-o até à casa de A. No momento em que A roda a chave, C acciona a bazuca dinamarquesa (seja D) com sucesso e faz desaparecer a face sul da mansão albanesa. Segundo depois, C usa a besta medieval -- artefacto que, pensa ele com alguma razão, lhe dá estilo -- para trespassar as principais artérias de B, instante esse em que a bomba dispara, levando o carro, a besta e o corpo de C para níveis atmosféricos. Um triplo assassinato circular, pensa Gustavo Matamouros, admirado pelo convergir dos eventos que as pistas lhe indicam e na poupança judicial aos contribuintes da cidade, já que Gustavo Matamouros era um indivíduo, acima de tudo, com carácter económico.