fevereiro 18, 2010

Axiomas II

Na Matemática procura-se axiomatizar as disciplinas que a compõem (como a geometria, a aritmética ou as probabilidades). As características que os axiomas têm de possuir são a coerência e a expressividade. Elas focam o aspecto da utilidade da respectiva disciplina (axiomas incoerentes demonstram qualquer coisa e o seu contrário, pouca expressividade amputa a aplicabilidade do sistema) não sendo suposto os axiomas reflectirem alguma verdade subjacente. Assim, certos axiomas não são nada evidentes (e.g., o axioma da escolha) e há disciplinas que usam axiomas opostos (e.g., as geometrias euclidiana e não-euclidianas).

Pode esta atitude ser aproveitada na ética ou na epistemologia? Sejam os dois seguintes axiomas: "Todas as pessoas devem ter direitos iguais" e "Existe uma realidade objectiva". Seguindo o raciocínio anterior, não teriam de ser evidentes mas sim coerentes e expressivos (a expressividade, aqui, corresponde ao que podemos obter com a sua adopção). E se há argumentos fortes a favor da coerência destes axiomas, a evidência histórica é indiscutível em relação às vantagens obtidas do seu uso. O suficiente, creio, para os aceitarmos como axiomas mesmo que, para os mais cépticos ou mais cínicos, eles não se mostrem óbvios.

Sem comentários: