Distâncias
O conflito entre o que posso e o que quero resulta num difícil compromisso que cada um negoceia consigo e com os outros. Essa negociação não é necessariamente mais fácil numa república que num sistema de desigualdade política (em casos limites, onde nada posso ou nada quero, não há sequer negociação) mas as melhores soluções, diz-nos a evidência histórica, encontram-se na república. A ética (o que devo fazer) simplifica o compromisso por condicionar o que desejo fazer, seja pelo uso de normas sociais, seja pela aplicação de argumentos racionais. Mas, sem entrar na dimensão ética, há várias formas de lidar com esta complexidade. Ou diminuir o que quero (o estoicismo, o epicurismo, as ordens monásticas ou o budismo são algumas tentativas históricas) ou pelo aumentar do que posso (através do aumento da liberdade e propriedade individual e do diminuir da coerção da comunidade e do estado que dela preside).
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