Interlúdio até Janeiro. Boas Festas.
dezembro 15, 2009
dezembro 10, 2009
Indiferença
"Heaven and Earth were not partial. They do not kill living things out of cruelty or give them birth out of kindness. We do the same when we make straw dogs to use in sacrifices. We dress them up and put them on the altar, but not because we love them. And when the ceremony is over, we throw them into the street, but not because we hate them." comentário de Su Ch'e [via wikipedia]
Por João Neto às 08:30 0 comentário(s)
dezembro 05, 2009
Flexibilidade
Aplicar a rigidez de um código moral ou de uma lei ao contínuo variado de uma população traz inevitavelmente pressão sob aqueles que se encontram nos limiares aí definidos. Por isso, espera-se dos responsáveis algum cuidado e contenção nessa ânsia tão humana de desenhar fronteiras.
Por João Neto às 08:06 0 comentário(s)
dezembro 02, 2009
Violência
"[...] serão os terroristas fundamentalistas, sejam cristãos ou islâmicos, realmente fundamentalistas no sentido autêntico da palavra? Será que acreditam mesmo? O que lhes falta é um atributo facilmente discernível em todos os autênticos fundamentalistas, desde os budistas tibetanos até aos Amish americanos: a ausência de ressentimento e inveja, a profunda indiferença em relação ao modo de vida do não-crente. Se os ditos fundamentalistas realmente acreditassem que encontraram o caminho da verdade, porque se sentiriam ameaçados pelos não-crentes, porque os haveriam de invejar? Quando um budista encontra um hedonista ocidental, ele mal o condena, limitando-se a notar que o caminho hedonista para a felicidade derrota-se a si próprio. Em contraste com os verdadeiros fundamentalistas, o pseudo-fundamentalista está profundamente incomodado, intrigado e fascinado pela vida pecaminosa dos não-crentes. Sente-se que, ao lutar com o Outro, eles estão a lutar contra a sua própria tentação. [...] Quão frágil a crença de um muçulmano para se sentir ameaçado pelas estúpidas caricaturas de um jornal dinamarquês de baixa circulação? O terror do fundamentalismo islâmico não está baseado na convicção dos terroristas da sua superioridade e no seu desejo de salvaguardar a sua identidade cultural-religiosa do massacre consumista da civilização ocidental. O problema não é que nós os consideramos inferiores mas que, eles próprios, secretamente se consideram inferiores. [...] Paradoxalmente, o que falta aos fundamentalistas é precisamente a dose dessa convicção «racista» da sua própria superioridade.
O que causa perplexidade nos ataques «terroristas» é que eles não se encaixam na nossa tradicional oposição do mal como egoísmo ou desapego do bem comum, e do bem como o espírito de sacrifício por uma causa maior. [...] O egoísmo, o interesse dos próprios bens, não é oposto ao bem comum porque é possível deduzir normas altruístas a partir de preocupações egoístas. O individualismo vs. a comunidade, o utilitarismo vs. a asserção de normas universais, são oposições falsas dado que este conceitos produzem os mesmos resultados. Os críticos que se queixam da falta de valores, na presente sociedade hedonista-egoísta, falham totalmente o alvo. A verdadeira oposição do egoísmo não é o altruísmo, a atenção pelo bem comum, mas a inveja, o ressentimento, que me faz agir contra o meu próprio interesse. Freud sabia isto muito bem: a pulsão da morte é oposta ao princípio do prazer bem como ao princípio da realidade. O verdadeiro mal, que é a pulsão da morte, envolve auto-sabotagem. Ele faz-nos agir contra os nossos interesses." Slavoj Zizek, Violence
O que causa perplexidade nos ataques «terroristas» é que eles não se encaixam na nossa tradicional oposição do mal como egoísmo ou desapego do bem comum, e do bem como o espírito de sacrifício por uma causa maior. [...] O egoísmo, o interesse dos próprios bens, não é oposto ao bem comum porque é possível deduzir normas altruístas a partir de preocupações egoístas. O individualismo vs. a comunidade, o utilitarismo vs. a asserção de normas universais, são oposições falsas dado que este conceitos produzem os mesmos resultados. Os críticos que se queixam da falta de valores, na presente sociedade hedonista-egoísta, falham totalmente o alvo. A verdadeira oposição do egoísmo não é o altruísmo, a atenção pelo bem comum, mas a inveja, o ressentimento, que me faz agir contra o meu próprio interesse. Freud sabia isto muito bem: a pulsão da morte é oposta ao princípio do prazer bem como ao princípio da realidade. O verdadeiro mal, que é a pulsão da morte, envolve auto-sabotagem. Ele faz-nos agir contra os nossos interesses." Slavoj Zizek, Violence
Por João Neto às 07:04 0 comentário(s)
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