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"Posto que estes termos apareçam muitas vezes misturados e confundidos, a verdade é que eles correspondem a níveis diferentes de moralidade, e determinam nesta domínios (e objectos) distintos. Assim:
- Por Moral entenderemos «a ciência que tem por objecto o conjunto das prescrições por que, numa dada época, e em determinada sociedade, se regula, e é aferido, o comportamento dos homens».
- A Ética tem por objecto, não já o comportamento do homem, enquanto sujeito a prescrições (ou normas), mas o juízo apreciativo dos actos do homem, enquanto qualificados de bons ou maus. Em termos mais singelos, podemos defini-la (a Ética) como «teoria fundamentada do bem e do mal, enquanto normas reguladoras, e universais, do comportamento humano». '
- A Axiologia é a teoria geral dos valores, enquanto objecto de juízos normativos - ponto em que se opõem aos factos, que são objecto de juízos de realidade.
Estas distinções, que correspondem a exigências de rigor, nem sempre são tidas em conta, mesmo no vocabulário filosófico, onde tradicionalmente o termo «moral» assume, com os significados que lhe são próprios, outros que especificamente pertencem à Axiologia e à Ética. É em virtude desta multiplicidade de significações do conceito de «moralidade» que, dentro do âmbito desta, nós podemos distinguir como domínios mais importantes:
- Uma realidade moral, como «conjunto dos costumes (valores e normas) dominantes numa época e num meio determinados», e que definem o «ambiente moral», ou o «nível de moralidade», dessa época e desse meio.
- Uma ciência moral, que é simultâneamente «análise (ou ciência) dos costumes» e «teoria dos valores» - espécie de «reflexão moral» exercida com o propósito de proporcionar a intervenção nos factores (causas) gerais da moralidade, e de orientar esta no sentido do progresso e do bem-estar social.
- Uma consciência moral, como propriedade que tem o espírito humano de distinguir o bem do mal, e de emitir juízos apreciativos sobre o valor dos actos humanos (susceptíveis de serem considerados como morais):
- Finalmente, uma vontade moral que se manifesta como realização e, sobretudo, como superação, de valores; que impõe normas de comportamento e orienta a acção no sentido dos ideais humanos superiores.
É especialmente esta «vontade moral» que imprime à moralidade a característica normativa, como um dos seus atributos fundamentais." Augusto Saraiva, "Filosofia", via Páginas de Filosofia
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