novembro 09, 2009

Antropologia

[entrevista à Ípsilon, 9 Setembro de 2009]

Gustavo Rubim: O que o interessa naquilo que os antropólogos portugueses fazem hoje? E o que é que não suporta?

Filipe Verde: Vou ser franco: salvo algumas excepções, quase nada. E o que não suporto é muito, e não é específico da antropologia feita em Portugal, que não é diferente da que se faz fora de Portugal. Não suporto a mediocridade das questões, a insignificância e irrelevância dos objectos da sua curiosidade, a falta de cultura científica e o facilitismo relativista da maioria dos praticantes, que são uma espécie de aplicadores burocráticos do que decidiram considerar como uma "metodologia" ou um "olhar". E depois há a assimilação auto-congratulatória da forma contemporânea do preconceito: o politicamente correcto, de que muitas vezes querem tirar dividendos e autoridade política. E contudo a antropologia é talvez (para mim de certeza, e a par da história) a mais interessante das ciências do Homem, com um legado de valor inestimável para a tradição humanística.


Sem comentários: