Magia e Ciência
"Se quisermos entender o papel da magia na Revolução Científica é importante notar a existência da designada magia natural, discutivelmente, o aspecto dominante da tradição mágica. A magia natural era baseada na assumpção que certas coisas tinham poderes ocultos que afectavam outras coisas e, desse modo, produziam fenómenos inexplicáveis. O sucesso de alguém enquanto mágico natural dependia de um profundo conhecimento dos corpos e como eles actuavam uns nos outros, para obter o resultado que pretendia. Repetidamente vemos, durante a Renascença, mágicos naturais a insistir que a sua forma de magia dependia exclusivamente do conhecimento da Natureza [...] Num senso muito real, porém, a separação dos elementos naturalistas dos restantes aspectos da magia foi apenas concluído durante a Revolução Científica. A história da magia, desde o século XVIII, tem sido a história do que sobrou dessa tradição depois dos elementos principais da magia natural terem sido absorvidos pela filosofia natural. Para além disso, para nós a magia interage com o sobrenatural, mas para os pensadores renascentistas, a magia baseava os seus efeitos na manipulação de objectos e processos naturais. Mesmo o demonologista, ao invocar o demónio - talvez mesmo o próprio Diabo - apenas esperava que o demónio fosse capaz de actuar como um mágico natural extremamente dotado, ao usar os poderes ocultos naturais dos objectos para realizar os eventos desejados. A razão porque a magia natural desapareceu da nossa concepção de magia foi precisamente porque os aspectos mais fundamentais da tradição foram absorvidas pela perspectiva científica. Ou, por outras palavras, a visão científica do Mundo desenvolveu-se, pelo menos em parte, do casamento entre a filosofia natural com o pragmatismo e a tradição empírica da magia natural." pg.55, John Henry, The Scientific Revolution and the Origins of Modern Science
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