dezembro 29, 2008

Simbiose

Cada sociedade humana é o resultado de um acumular incontável de trocas entre humanos e sociedades, vizinhos e estrangeiros, limitada pela geografia e pelos compromissos e tradições do passado, pela biologia e psicologia do homo sapiens. Entre cada sociedade e os seus cidadãos há algo mais profundo que o implícito contrato social e os direitos reconhecidos, há uma simbiose. Sem sociedade não haveriam pessoas, sem pessoas não haveria sociedades com linguagem, arte, ciência ou história. Alguém que sobreviva à sua cultura (como os que se salvaram de um genocídio, nas implosões civilizacionais ou mesmo os últimos falantes de uma língua) tornam-se, pouco a pouco, num incómodo para os outros, um terrível aviso de outra forma de morte.

3 comentários:

Anónimo disse...

procurando uma figura achei seu blog, muito instigante. Passearei mais vezes por aqui :)

Anónimo disse...

penso na sua citaçaõ de Vergílio Ferreira. Penso nessa iminente morte associada ao outro, seja pela falta ou pelo excesso. Ok, concordo. Porém, eu aqui, do lá de cá do Equador onde o pecado, desde sempre, desde o inaugural genocídio, foi, para o bem desta nação nova, relativizado. É por bem, por vontade de viver, entender que há um jeito de corpo, uma mania travestida de alegria, que faz conhecimento e contribui à novas formas de contato. A morte, a dor, a desilusão em toda sua transitoriedade possuem seu reverso, igualmente transitório. É tudo verdade :) também por isso, escapo do texto-parto e venho, passear e pensar.

João Neto disse...

E felizmente que temos estas faces duplas, estas quase contradições connosco, que nos permitem fazer tanto. Obrigado, Anna, pelos comentários.