novembro 26, 2008

Ser

O Mundo é. E é desse ser que nos chega a informação sensorial para fazermos, interna e colectivamente, uma imagem dele. Como qualquer projecção, essa imagem é parcial, relativa, estruturada nas limitações do cérebro humano. E nela, nos desenhamos, uns aos outros, cortamos opções, tomamos decisões, seguimos em frente. Como o Mundo não é (só) o que pensamos dele, estes caminhos por nós percorridos tornam-se, se não revistos e criticados, mais próximos de uma qualquer alucinação negociada. Por isso, o Dr. Spleen, não espera das ideologias e religiões tradicionais um grande apego à busca da verdade. Uma corporação, uma instituição aceite pelo corpo morno da sociedade, é sempre mais reconfortante, mais simples e maternal que o furacão cerrado da essência das coisas. Talvez por isso Spleen não procure com excessivo afinco a sua sede num qualquer notário dos deuses e prefira espíritos mais críticos que, por acaso e seguindo a lei dos grandes números, mais se tenham aproximado do que é.

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