junho 28, 2008

Fim

O tempo necessário para garantir uma sociedade estável (o trabalho, a burocracia, a casa, o crescer dos filhos) torna-nos máquinas. O nosso corpo e mente não se adequam nessa mecânica imposta, nessa igualdade que nos força a ser eco de carimbo, uma emanação bem formatada do Normal. E nesse passar de anos, tijolo a tijolo, de compromisso em compromisso, numa arquitectura cada vez mais elaborada e sólida de responsabilidades, construímos as nossas confortáveis prisões. Por vezes esse tempo é tão vasto, essa prisão tão barroca, que nos esvaziam totalmente. Fica apenas a aparência de alguém diferente, o fantasma seco de uma possibilidade passada.

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