setembro 10, 2007

Convergências

[«] Os algoritmos são objectos matemáticos e, como uma esfera perfeita ou a raiz de 2, não têm necessariamente de possuir uma existência real. Mas a vida executa uma série de processos bem definidos que podem ser vistos como aproximações da ideia de algoritmo, começando pelo código genético e todo o processo celular até, pelo menos, ao comportamento padronizado dos insectos. Porém, ao contrário da secura do mundo digital, o nosso mundo é demasiado «molhado» para se coadunar à rigidez de programações formais. Por outro lado, há algoritmos que são meta-regras extremamente flexíveis porque baseados em parâmetros que variam com o tempo e com o ambiente, permitindo uma ampla gama de possibilidades funcionais (uma simulação do tempo atmosférico, por exemplo). Como não há almoços grátis, o preço a pagar é a dificuldade de ajustar os valores desses parâmetros, altamente inter-dependendes e todos, se o modelo for económico, relevantes. Faltam-nos as dezenas de milhões de anos de «testes» que a natureza dispôs. Os nossos algoritmos são produtos de engenharia, com uma justificação e uma existência planeada? Sem dúvida, mas no ramo designado por computação evolutiva o processo de ajuste é realizado sem ajuda humana e, nesse sentido, pode originar «algoritmos desconhecidos» com propriedades surpreendentes (i.e., que nos surpreendem). Teremos de colmatar a falta de tempo com o aumento de velocidade computacional para verificar onde esta travessia nos leva.

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