março 13, 2006

Transferência

Dabila acompanha, três passos atrás, a trajectória do Doutor Spleen. Nos becos escuros do pior bairro da cidade, são como um vento deixado de duas sombras. Vê-se miséria, lixo, uma violência mal contida, o fundo onde se concentram as vassouradas da civilização. Para a maioria, aquela travessia seria uma recordação de horror. Para Spleen é o passeio nocturno de um hábito semanal. Por onde passam, são olhos que se desviam, corpos que se afastam, um tremor que se adivinha. Pode ter-se medo da escuridão por lá haver espaço para esconder monstros, concordaria Dabila se fosse outra pessoa. E quando se é o monstro?

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