março 30, 2006

Drª Pinto

Essa dificuldade conceptual de encontrar frases novas não é das piores coisas que pode acontecer. Eu, por exemplo, está-me sempre a cair a tecla para escrever manhã submersa, começar livros com 'chama-me ishmael', usar bengalas tipo é assim, de facto, pronto(s), inserir estrategicamente mira ali os lírios do campo e afirmações outras em segunda mão (e é um esforço do caraças parar estes apetites imediatos de sucesso garantido, mas sem suor faz-se pouco). São tantos os livros novos que de certeza que não há frases suficientes e diferentes para todos. A senhora, pelo menos e de vez em quando, lá vai usando as que se lembrou em anos passados, tempo suficiente de intervalo neste mundo em aceleração. De qualquer forma, o mercado que a sustenta nem se interessa por isso (apesar de desconfiar que reparam no efeito pois um público é um público e diz a estatística - ou podia dizer - que há sempre alguém mais esperto que nós a ler). Esta história nossa dos posts é quase o mesmo. Poderia ir buscar outros meus de 2004 e repeti-los agora que os meus sete leitores não davam por nada (eu tento não os insultar, logo do que poderiam eles lembrar-se?). Repetir até pode ser saudável, a gente engana-se na transcrição e regurgita-se uma coisa melhor (é assim que a Evolução funciona). Mas daí a invocar tribunais, providências e intenções de censura? Não se faz... Censura, no máximo, a nossa a nós próprios e em doses curtas de bom gosto. É que o resto facilmente se transforma em mau cheiro que depois não se despega.

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