fevereiro 13, 2006

Navegação

O Doutor Spleen nem sempre confia no sistema dedutivo/empírico do método científico. Apesar de admitir a sua força conceptual (e esta admissão é-nos constatável pelo estatuto especial de narrador, no qual estou, por acaso, investido, já que Spleen não discute epistemologia), ele acredita que o instinto e a sensibilidade proveniente dos insondáveis abismos da psique humana são ferramentas essenciais à obtenção do génio e das acções que o caracterizam. Dessa forma, o acto que conjuga a sua determinação com os impulsos dos seus desejos é, em parte, um improviso, um navegar imprevisto ao sabor dessa tempestade que são os factos. Tudo isto, mesmo que um pouco abstracto, é o que lhe atravessa agora a mente após usar o manípulo do contentor de lixo para suprimir os quatro agentes do Inspector Rousseau daquela elaborada armadilha.

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