janeiro 03, 2006

Aritmética e Reflexos

Spleen olha-se ao espelho. Cada vez que nele pára mais que o infinitésimo banal para aparar a barba ou retocar qualquer desvio de aparência, vê-se como um homem metade eremita, metade conquistador e metade negligente (na aritmética da personalidade, qualquer soma finita de metades dá sempre mais ou menos um). Spleen sabe que no espelho, com suficiente esforço ou abandono, se encontram demasiadas máscaras a não ser que uma espessa camada de ignorância ou imbecilidade (as subtis matizes de diferenças entre estes dois conceitos quase - por algumas vezes, quando a metade eremita estava mais forte - fizeram-no iniciar uma carreira de romancista russo) impeça qualquer possibilidade de limpar a maquilhagem de um rosto. Isso apenas revela que o espelho é o canivete suíço dos problemas mentais.

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