A sobrevivência da política (parte IV)
O moralismo político, porém, interpreta a independência individual não como uma garantia de liberdade mas como uma barreira para moralizar o mundo. Indivíduos independentes que gerem a sua riqueza são vistos como agentes egoístas e como causa de desigualdades e pobreza. Um mundo socialmente justo requer a distribuição racional dos bens produzidos pela sociedade moderna. Mas Estados com a autoridade espartilhada pela lei são mecanismos imperfeitos para resolver essa imensa tarefa de redistribuição. Porém, a entidade designada ‘o Estado’ pode tornar-se uma ferramenta eficaz se mudar de carácter. E de facto, este carácter muda de cada vez que o poder centralizado age sobre a riqueza gerada pela economia.
A política moderna, assim, está a gerar um dilema formidável. A moralização da condição humana só é possível se conseguirmos associar ao mundo um conceito de justiça social. Mas, ao que parece, só podemos ultrapassar as injustiças do passado através de uma forma social – o despotismo – que a civilização ocidental considera incompatível com a sua liberdade e os seus costumes. A promessa é Justiça, o preço a liberdade.
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