Violência (parte II)
Qual é a evidência da nossa espécie ter desenvolvido mecanismos de violência selectiva? A primeira coisa a ter em mente é que a agressão é uma actividade organizada, orientada por objectivos e não um evento produzido por um mau funcionamento aleatório. A presença de homicídios deliberados em chimpanzés levanta a possibilidade que as forças da evolução, não somente as idiossincrasias de uma cultura, prepararam-nos para actos agressivos. Também a ubiquidade da violência ao longo da História é uma pista forte deste argumento.
A questão do que correu errado (social ou biologicamente) quando alguém se tornou violento está mal colocada. Quase todos concordam no uso de violência para defender-se a si próprio, à família ou a vítimas inocentes. A diferença entre ser-se 'heróico' ou 'patológico' depende bastante do ponto de vista: resistente ou terrorista, Robin Hood ou ladrão, anjo ou vigilante, nobre ou senhor da guerra, mártir ou kamikaze, general ou líder de um gang, estas diferenças estão no valor do nosso julgamento, não são classificações científicas. É duvidoso que existam grandes diferenças nos respectivos genes ou cérebros destes protagonistas considerados tão opostos.
A violência é mais um problema político e social. Claro que os fenómenos designados sociais ou políticos não são misteriosos eventos externos como as manchas solares, eles são resultado de uma visão e de uma dinâmica partilhada por um conjunto de pessoas num dado momento e num dado local. Desta forma, não será possível entender a violência sem um entendimento de como a mente humana funciona. [cont.]
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