Pontos na paisagem virtual (parte IV)
A comunicação nos MUDs é síncrona e hipertextual. A sincronicidade permite a conversação em tempo real, ao contrário dos grupos de discussão ou dos emails onde uma mensagem tem um carácter mais permanente. A componente do hipertexto consiste na descrição imaginária do ambiente, dos objectos e das entidades intervenientes. Cada participante pode seleccionar os objectos que quer ver, tal como um browser pode navegar por vários links. Enquanto a página de um livro é algo fixo, o monitor transforma-se num mosaico. Troca-se a linearidade da literatura pela hipertextualidade. A experiência textual torna-se dinâmica, imprevisível, possibilita ao leitor conformar-se menos com as normas. Existe o sentimento que, na internet, as ideias falam por si. Isso, e o facto de poder construir personalidades anónimas com relativa facilidade, torna-nos mais seguros nos comentários (e na maior violência das palavras que certas pessoas tendem a usar).
A tendência moderna nas linguagens de programação (C++, Java) é a aplicação da metodologia dos objectos: tudo é um objecto! Avatares, bots, ferramentas, mobília, o tempo atmosférico e a paisagem, mesmo as instruções que manipulam o universo virtual são vistos como objectos, instâncias de conceitos abstractos designados por classes (curiosamente, parte da discussão das modernas linguagens centradas em objectos faz lembrar as 'velhas' discussões metafísicas da filosofia). Existe uma conexão forte entre o objecto a manipular e a palavra escrita para invocar essa alteração (como se tratasse de uma lingua Adâmica).
A hipertextualidade permite a construção por camadas de complexidade. A descrição e funcionalidade de cada objecto pode ser aprofundada em descrições progressivamente mais concretas. Isso ressalva o eventual excesso de abstração e simplificação que possa ocorrer inicialmente. Os arquitectos deste novo mundo devem decidir pela sua transparência ou opacidade. Qual o espaço dado à interpretação? Numa retórica digital, a transparência não é uma virtude. A transparência faz-nos olhar para o mundo para lá do texto. Porém, o texto pode ser usado como um objecto interessante de estudo e contemplação. A total transparência só poderá ser obtida com tecnologia muito evoluída, dado existirem questões (quebra do serviço, tempos de espera nas redes informáticas, falta de luz) que não permitem a imersão completa no mundo virtual (apesar de existir sentimentos que encobrem os problemas tecnológicos, como o utilizador que considerava o save uma experiência quase religiosa).
Até agora, a escrita tem sido vista como a mais pura forma de expressão. Como ferramenta de organizar pensamentos, de preservar memória. A escrita revolucionou a capacidade da Humanidade resolver e perceber problemas. Tão poderosa é a escrita que tendemos a pensar que a mente opera em si de forma linguistica ao codificar ideias. Mas escrever não é tão natural como falar, é uma conquista cultural não um facto universal. Nestes pontos de paragem virtual é testada a fusão entre escrita e oralidade. A comunicação é mais cerebral que a fala mas existe em tempo real, sendo mais dinâmica que a escrita. Torna-se difícil saber onde o pensamento termina e a escrita começa.
A tendência moderna nas linguagens de programação (C++, Java) é a aplicação da metodologia dos objectos: tudo é um objecto! Avatares, bots, ferramentas, mobília, o tempo atmosférico e a paisagem, mesmo as instruções que manipulam o universo virtual são vistos como objectos, instâncias de conceitos abstractos designados por classes (curiosamente, parte da discussão das modernas linguagens centradas em objectos faz lembrar as 'velhas' discussões metafísicas da filosofia). Existe uma conexão forte entre o objecto a manipular e a palavra escrita para invocar essa alteração (como se tratasse de uma lingua Adâmica).
A hipertextualidade permite a construção por camadas de complexidade. A descrição e funcionalidade de cada objecto pode ser aprofundada em descrições progressivamente mais concretas. Isso ressalva o eventual excesso de abstração e simplificação que possa ocorrer inicialmente. Os arquitectos deste novo mundo devem decidir pela sua transparência ou opacidade. Qual o espaço dado à interpretação? Numa retórica digital, a transparência não é uma virtude. A transparência faz-nos olhar para o mundo para lá do texto. Porém, o texto pode ser usado como um objecto interessante de estudo e contemplação. A total transparência só poderá ser obtida com tecnologia muito evoluída, dado existirem questões (quebra do serviço, tempos de espera nas redes informáticas, falta de luz) que não permitem a imersão completa no mundo virtual (apesar de existir sentimentos que encobrem os problemas tecnológicos, como o utilizador que considerava o save uma experiência quase religiosa).
Até agora, a escrita tem sido vista como a mais pura forma de expressão. Como ferramenta de organizar pensamentos, de preservar memória. A escrita revolucionou a capacidade da Humanidade resolver e perceber problemas. Tão poderosa é a escrita que tendemos a pensar que a mente opera em si de forma linguistica ao codificar ideias. Mas escrever não é tão natural como falar, é uma conquista cultural não um facto universal. Nestes pontos de paragem virtual é testada a fusão entre escrita e oralidade. A comunicação é mais cerebral que a fala mas existe em tempo real, sendo mais dinâmica que a escrita. Torna-se difícil saber onde o pensamento termina e a escrita começa.
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