Cultura e Geografia (parte III)
A maior parte da vivência do Homem foi de recolector-caçador. As raízes da civilização - sedentarismo, viver em cidades, divisão de trabalho, governação, exércitos profissionais, tecnologia - surgiram de uma inovação relativamente recente, a agricultura. A agricultura depende das espécies vegetais e animais domesticáveis, e há muito poucas que o podem ser. Os melhores ecossistemas centravam-se no Crescente Fértil, na China e na América Central e do Sul: os locais onde regionalmente surgiram as primeiras civilizações.
A partir daí a geografia moldou o destino. A Eurásia é o maior bloco terrestre e uma enorme superfície para o eclodir de descobertas locais. Negociantes, viajantes e conquistadores podem transportar e espalhar essas inovações. Pessoas que vivam nos cruzamentos das movimentações históricas podem acumular um pacote de conhecimento muito difícil de obter de outra forma. Para além disso, a Eurásia é uma superfície horizontal, enquanto a América e a África são verticais. Animais e plantas usadas na China podem ser levadas mais facilmente por milhares de quilómetros para a Europa, na mesma latitude e com um clima aproximado. Já mil quilómetros para Sul ou Norte podem mudar um clima temperado para tropical. A transferência de espécies não é tão fácil, um cavalo pode ser usado de Portugal à China, mas a lama dos Andes não sobrevive no ambiente árido do México. Assim, as culturas da Eurásia foram conquistadoras, não porque naturalmente mais inteligentes mas porque puderam aproveitar melhor a vantagem do principio que duas cabeças pensam melhor do que uma. Qualquer cultura Europeia antiga era uma amálgama de conhecimentos de diferentes partes (alfabeto do Médio Oriente, matemática Egípcia, Grega e Árabe, papel Chinês, cavalos dos Urais...). Já as culturas isoladas de África (pelo Sahara) e da América e Oceânia (pela água) podiam apenas valer-se de tecnologias caseiras. Como resultado, foram incapazes de resistir aos conquistadores multiculturais.
Um caso extremo, conta Diamond, é a Tasmânia onde se encontrava a cultura tecnologicamente mais atrasada da História registada. Ao contrário dos aborígenes australianos, os tasmaneses desconheciam o fogo, o boomerangue, as lanças, não tinham ferramentas especializadas nem sequer em pedra, não tinham canoas e não sabiam pescar. O incrível é estas tecnologias existirem na Austrália há mais de dez mil anos(!). O problema é que a Tasmânia foi separada da Austrália há muito tempo, isolando as respectivas populações. Todas as descobertas ocorridas até então foram-se perdendo na Tasmânia. Talvez porque os recursos na pequena ilha se esgotaram e os descendentes perderam as artes. Ou talvez os artesãos tenham sido todos mortos por uma geração de chefes fanaticamente conservadora. O que quer que tenha ocorrido, implicou na perda dessas tecnologias. Se isso acontecesse numa região Europeia bastava viajar à próxima região. Na Tasmânia não havia próxima região.
A partir daí a geografia moldou o destino. A Eurásia é o maior bloco terrestre e uma enorme superfície para o eclodir de descobertas locais. Negociantes, viajantes e conquistadores podem transportar e espalhar essas inovações. Pessoas que vivam nos cruzamentos das movimentações históricas podem acumular um pacote de conhecimento muito difícil de obter de outra forma. Para além disso, a Eurásia é uma superfície horizontal, enquanto a América e a África são verticais. Animais e plantas usadas na China podem ser levadas mais facilmente por milhares de quilómetros para a Europa, na mesma latitude e com um clima aproximado. Já mil quilómetros para Sul ou Norte podem mudar um clima temperado para tropical. A transferência de espécies não é tão fácil, um cavalo pode ser usado de Portugal à China, mas a lama dos Andes não sobrevive no ambiente árido do México.
Um caso extremo, conta Diamond, é a Tasmânia onde se encontrava a cultura tecnologicamente mais atrasada da História registada. Ao contrário dos aborígenes australianos, os tasmaneses desconheciam o fogo, o boomerangue, as lanças, não tinham ferramentas especializadas nem sequer em pedra, não tinham canoas e não sabiam pescar. O incrível é estas tecnologias existirem na Austrália há mais de dez mil anos(!). O problema é que a Tasmânia foi separada da Austrália há muito tempo, isolando as respectivas populações. Todas as descobertas ocorridas até então foram-se perdendo na Tasmânia. Talvez porque os recursos na pequena ilha se esgotaram e os descendentes perderam as artes. Ou talvez os artesãos tenham sido todos mortos por uma geração de chefes fanaticamente conservadora. O que quer que tenha ocorrido, implicou na perda dessas tecnologias. Se isso acontecesse numa região Europeia bastava viajar à próxima região. Na Tasmânia não havia próxima região.
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