Cultura e Geografia (parte I)
(baseado no 4º capítulo do livro "The Black Slate" de Steven Pinker)
A cultura é um conjunto de inovações sociais e tecnologias acumuladas no processo histórico que nos ajuda a viver as nossas vidas. A cultura não é uma colecção arbitrária de regras e símbolos com o objectivo de modelar homens e mulheres.
Esta ideia é útil para entender porque diferentes culturas parecem tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão iguais. Quando um grupo se separa da sua comunidade e os laços são cortados (por um acidente geográfico, por hostilidades prolongadas), não existe forma de difundir inovações entre os lados. À medida que cada grupo elabora o seu conjunto de descobertas e convenções, há uma progressiva divergência que produz duas culturas diferentes. Esta ramificação é facilmente visível na evolução das linguagens. Também Darwin tinha utilizado este exemplo como comparação à evolução natural. Normalmente, quanto mais próxima no tempo for a separação, mais próximas são as culturas.
As raízes psicológicas da cultura podem explicar porque alguns hábitos mudam mais facilmente que outros. Algumas práticas colectivas possuem uma inércia enorme porque impõem um custo pessoal muito elevado ao primeiro indivíduo que tentar mudá-las (as religiões estão repletas de exemplos). Outras mudanças só são possíveis por um acordo tácito da própria comunidade (como passar a conduzir à direita em Inglaterra).
Mas as culturas mudam, por vezes, de forma drástica. No Ocidente actual, a preservação da cultura tradicional é considerada uma grande virtude. Porém, muitas culturas não têm a mesma opinião. Quando há uma percepção generalizada que um outro comportamento social é melhor que o tradicional, as culturas absorvem, plagiam, copiam elementos do exterior com uma velocidade surpreendente (a febre dos telemóveis em Portugal...). As culturas não são monólitos parados no tempo, são porosas, possuem uma dinâmica permanente. O mesmo se passa com a linguagem: apesar da eterna lamentação dos puristas e das ameaças das respectivas academias, nenhuma linguagem actual se manteve igual por cem anos. Também as cozinhas tradicionais possuem raízes muito superficiais: as batatas na Europa, os tomates na Itália ou as malaguetas na Índia vêm de plantas do Novo Mundo. [cont.]
Esta ideia é útil para entender porque diferentes culturas parecem tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão iguais. Quando um grupo se separa da sua comunidade e os laços são cortados (por um acidente geográfico, por hostilidades prolongadas), não existe forma de difundir inovações entre os lados. À medida que cada grupo elabora o seu conjunto de descobertas e convenções, há uma progressiva divergência que produz duas culturas diferentes. Esta ramificação é facilmente visível na evolução das linguagens. Também Darwin tinha utilizado este exemplo como comparação à evolução natural. Normalmente, quanto mais próxima no tempo for a separação, mais próximas são as culturas.
As raízes psicológicas da cultura podem explicar porque alguns hábitos mudam mais facilmente que outros. Algumas práticas colectivas possuem uma inércia enorme porque impõem um custo pessoal muito elevado ao primeiro indivíduo que tentar mudá-las (as religiões estão repletas de exemplos). Outras mudanças só são possíveis por um acordo tácito da própria comunidade (como passar a conduzir à direita em Inglaterra).
Mas as culturas mudam, por vezes, de forma drástica. No Ocidente actual, a preservação da cultura tradicional é considerada uma grande virtude. Porém, muitas culturas não têm a mesma opinião. Quando há uma percepção generalizada que um outro comportamento social é melhor que o tradicional, as culturas absorvem, plagiam, copiam elementos do exterior com uma velocidade surpreendente (a febre dos telemóveis em Portugal...). As culturas não são monólitos parados no tempo, são porosas, possuem uma dinâmica permanente. O mesmo se passa com a linguagem: apesar da eterna lamentação dos puristas e das ameaças das respectivas academias, nenhuma linguagem actual se manteve igual por cem anos. Também as cozinhas tradicionais possuem raízes muito superficiais: as batatas na Europa, os tomates na Itália ou as malaguetas na Índia vêm de plantas do Novo Mundo. [cont.]
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