Física e Computação: Qual é a ponte? Quais são as margens? (última parte)
Não creio, porém, que a validade da Tese de Church seja uma má notícia para o progresso da Ciência. Existem muitos pontos obscuros e talvez algumas luzes que apontam para descobertas futuras:
- As recentes ligações entre sistemas dinâmicos e a computabilidade. Por um lado as questões da Teoria da Computação passam a ser relevantes em outros domínios físicos. Também as características dos sistemas dinâmicos (como a teoria do Caos) tornam-se mais próximos da computação. Há sistemas dinâmicos cuja capacidade de computação convive com a existência de órbitas estranhas e comportamentos caóticos.
- A complexidade emergente de um conjunto de interacções simples pode trazer respostas fundamentais sobre variados processos naturais. Mesmo se a Tese de Church Estendida for válida, a emergência produzida pela interacção de um enorme número de unidades simples pode ser suficiente para a resolução efectiva de muitas instâncias de problemas exponenciais.
- A aleatoriedade inscrita na Matemática (descoberta por Chaitin) pode criar outros contactos entre a computação, os processos estocásticos e a dinâmica quântica.
- A possível construção de uma nova visão científica baseada nos números discretos (defendida por Zuse, Fredkin e Wolfram no livro “A New Kind of Science”) pode libertar as teorias matemáticas e os modelos físicos dos números reais. Uma consequência deste facto seria aproximar a visão da Física à visão da Computação, salientando outros contactos entre estas duas disciplinas (ainda) misteriosamente interligadas.
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