Back from the Future (III)
"A digitalização do conhecimento iniciou-se nas últimas décadas do Século XX com a proliferação de protocolos para codificar as diferentes actividades Humanas (literatura, música, imagens, algoritmia, hologramia). Há medida que o corpo do saber Humano ocupava Exabytes, as primeiras ferramentas de acesso a essa informação eram manifestamente passivas (meros leitores e gravadores). O comércio informal de cópias não autorizadas era considerado um problema sério, apesar de se ter mantido numa margem que garantia suficientes lucros para a contínua produção de criações originais [...]
Com o passar do Século, as ferramentas transformaram-se, flexibilizaram-se na manipulação selectiva do código binário a que se reduzia a arte do possível [1]. Na fase seguinte era tecnicamente viável tomar produtos de grandes empresas (os antigos filmes de Hollywood como o exemplo mais paradigmático) e alterá-los, cortando, introduzindo novas interpretações na visão inicial do autor. Foi a época de Film-Jokeys (ou simplesmente, FJ's). Como consequência observou-se o colapso do efeito de retorno a curto prazo que a Indústria obtinha das suas produções. O instante que separava a estreia do produto original até à disseminação de centenas de variantes foi-se reduzindo até atingir um ponto crítico que resultou na falência indiscriminada das multinacionais produtoras de conteúdos. Todos preferiam variantes regionais que reflectiam melhor as preferências micro-culturais dos consumidores [...] A globalização transformara-se da superfície homogénea do preconceito dominante para um plano pontilhado de respectivos pontos de vista igualmente relevantes.
Com o passar do Século, as ferramentas transformaram-se, flexibilizaram-se na manipulação selectiva do código binário a que se reduzia a arte do possível [1]. Na fase seguinte era tecnicamente viável tomar produtos de grandes empresas (os antigos filmes de Hollywood como o exemplo mais paradigmático) e alterá-los, cortando, introduzindo novas interpretações na visão inicial do autor. Foi a época de Film-Jokeys (ou simplesmente, FJ's). Como consequência observou-se o colapso do efeito de retorno a curto prazo que a Indústria obtinha das suas produções. O instante que separava a estreia do produto original até à disseminação de centenas de variantes foi-se reduzindo até atingir um ponto crítico que resultou na falência indiscriminada das multinacionais produtoras de conteúdos. Todos preferiam variantes regionais que reflectiam melhor as preferências micro-culturais dos consumidores [...] A globalização transformara-se da superfície homogénea do preconceito dominante para um plano pontilhado de respectivos pontos de vista igualmente relevantes.
A partir da década de 2040, as ferramentas de manipulação tiveram um salto conceptual importante. A sua flexibilidade e expressividade era tal, que o que antes necessitava de recursos imensos poderia agora ser realizado por um pequeno conjunto de amadores interessados. A criatividade daí resultante foi imensa. Essas pequenas equipes não tinham os problemas das empresas da fase anterior. Os seus custos eram de tal modo pequenos que, uma vez com reputação, o seu esforço era normalmente compensado na primeira hora de exposição global. Por outro lado, o problema da criação de variantes por terceiros era menor, dado que a quantidade de produtos originais tinha crescido várias ordens de magnitude. Os produtos não precisavam de variantes, eles já eram o resultado final do poder da diversificação." - Althmin Moore, História da Digitalização (pg. 37 e seguintes)
[1] Diz-se do século XXI o da manipulação dos códigos - tanto dos bits digitais como dos nucleótidos orgânicos. Tudo isso terminou na fusão conceptual que se seguiu.