Back from the Future (II)
"Depois de 2032, a integração de câmaras digitais para substituir os olhos dos cegos tornou-se prática comum. O sucesso desta tecnologia deveu-se, acima de tudo, à compreensão da interface que o nervo óptico estabelece entre o sistema ocular e o cérebro. Agora, quase quatro Séculos depois, compreende-se a falha generalizada da ciência da época. É impossível dissecar a estrutura neuronal e sináptica do sistema nervoso central. É inútil deduzir a partir de um sistema dinâmico e da complexidade inerente, o intricado e subtil caminho que resulta na mente Humana. Apenas restou entender como se interage no Mundo, como funcionam os sentidos que relatam uma diminuta faceta da Realidade, como melhorar essas deficientes estruturas (por exemplo, o olhar e a audição) até níveis não imaginados no Século XXI, e - principalmente - como criar novos sentidos (entre os que actualmente possuímos). Foi a partir desta motivação, do quarto passo atrás dado pelo antropocentrismo - depois do advento da Física Moderna na Renascença, da evolução Darwinista do Século XIX e da Psicologia do Século XX - a agora designada Neo-Cibernética estabeleceu que a capacidade de aprendizagem pode transgredir os limites fixados pela Natureza sem ser necessário compreender exactamente a forma como a própria aprendizagem se realiza. [...] o conceito de cyborg deixou de ser assombrado pela violação do corpo pelo metal, pela desagregação do Eu orgânico face ao digital, pela dissolução da invariante psicológica que nos define. [...]" - Introdução à 7ª Edição do "Reser Cyborg"