dezembro 18, 2008

Padrão

Das profundezas eléctricas de um cérebro emanam padrões, tempestades caóticas entre sinapses e neurónios, que se atravessam e sobrepõem. De alguma forma, no crescer, emerge uma industrialização por áreas, especialidades a que pedaços de massa cinzenta se dedicam mesmo antes do nascimento. O Dr. Spleen admite, por isso, a existência de diversas inteligências em qualquer ser vivo. Admira em silêncio o voo cirúrgico das aves, a precisão mortífera de um tubarão, a sinfonia química dos insectos sociais, o olhar penetrante do xadrezista, a tensão no sono de um gato. Por outro lado, essa panóplia de capacidades determina também a possibilidade de se falhar em múltiplas frentes. Este pensamento é-lhe especialmente relembrado quando observa o inexistente rigor táctico dos seus associados quando em piloto automático (e dos seus semelhantes em geral, pois nada na sua recruta se desviou do normal possível da educação vigente). Se um talento é a aplicação de uma inteligência, a falta destas abre a porta às Pandoras que desde sempre nos observam.

1 comentário:

Anónimo disse...

está tudo tão bonito, faz senti/pensar. Me perco e ainda não fui para minha tese :)